Quem foi Maestro Francisco Paulo Russo?
Francisco Paulo Russo nasceu em Nápoles, Itália, no dia 21 de Agosto de 1882, filho do escultor, Francisco Paulo Russo e Joana Leonardi Russo. Fez seus estudos de música em Nápoles e Pizo, na Calábria, transferindo-se para o Brasil, em 1898 e escolheu a cidade de Araras para residir. Em 2 de setembro de 1926, inaugurou um curso de piano; fundou e dirigiu diversas corporações musicais, destacando-se a “Lira Infantil Carlos Gomes”, fundada em 1928, a qual atuou em várias cidades paulistas. Fundou ainda a Corporação “Pedro Mascagni” e reorganizou em 1913 a Banda “Carlos Gomes”, uniformizada e aumentada para trinta músicos. Essa banda foi a mais perfeita que se constituiu em Araras, sendo em sua época, considerada a melhor de todo o interior paulista.
Convidado para as comemorações do Centenário da Independência realizadas em São Paulo, em 1922, portou-se com brilhantismo. Nessa ocasião, participando de um Concurso de Bandas do Centenário da Independência, o maestro Francisco Paulo Russo, conquista para a cidade de Araras magnífica vitória ao obter o 1º lugar na classificação geral, a que concorreram inúmeras bandas.
O povo de Araras, em sinal de reconhecimento à sua dedicação e trabalho, o fertou-lhe uma batuta de ébano e ouro à qual juntou os dizeres: “a preciosa lembrança de uma batuta de fino ébano guarnecida de ouro, da mocidade ararense, representa o carinho e reconhecimento do povo de Araras ao esforçado Maestro que, com sua disciplinada Corporação, colheu os maiores louros na Capital”. Foi ainda o Maestro Paulo Russo, fundador e 1º Presidente da Sociedade 21 de Outubro; fundador e 1º Presidente do Centro 1º de Maio, hoje Grêmio Recreativo Ararense; foi ainda proprietário do jornal “Tribuna do Povo”, que dirigiu por algum tempo. Compôs várias peças musicais, destacando-se entre elas: o “Hino do Ginásio do Estado da Cidade de Araras”, com versos de Salvador J. Moraes; “Alma Ararense” (Saudade de Araras), “Tempo de Mazurca”, “Hino do Centro Cultural Ararense” e “Pensamento Religioso”, peça dedicada ao Papa Pio XII. Pelos serviços prestados à comunidade ararense, a Câmara Municipal deu a uma das ruas do centro da cidade a denominação de “Francisco Paulo Russo”, em justa homenagem àquele que soube ser útil a seus semelhantes, servindo à terra que soube acolhê-lo.
Palavras do arquiteto Oscar Niemeyer
“Trata-se de um teatro de porte médio elaborado dentro da técnica mais apurada. Para isso organizamos nossa equipe: Hélio Penteado, Hélio Pasta e eu na arquitetura; Promon nos problemas estruturais; Nepomuceno na acústica, Mingrone na luminotécnica; Ripper na cenotécnica; Luís Fernando na ventilação e ar-condicionado; e Afonso Assumpção no controle diário dos problemas arquitetônicos da construção.
Para enriquecer o teatro, convocamos Marianne Peretti e Athos Bulcão, responsáveis pelos dois belos murais previstos no projeto. O teatro deveria atender problemas econômicos mas também, e antes de tudo, constituir um bom exemplo da técnica teatral. Nisso nos procuramos deter, criando à volta da construção uma parede dupla de apoio acústico por onde passam todos os sistemas técnicos, inclusive as circulações internas que uma obra desse gênero exige.
E esta solução se fez tão lógica, tão prática e inovadora que, de hoje em diante, a adotaremos em todos os nossos projetos de teatro.
Dentro desse espaço circular de 36m de diâmetro estudamos o teatro. Na cota -2,30m, independente do teatro, fica um local destinado a congressos, conferências, cursos, etc., provido de um auditório com capacidade para 126 pessoas, salas de reuniões e uma pequena área para a direção do teatro. Um acréscimo no programa que nos foi entregue, útil, utilíssimo, como elemento cultural desta cidade.
Na cota + 1,50m, o foyer, com pequeno espaço para exposições, o subsolo do palco e os camarins. Na cota + 5,30m fica o teatro propriamente dito, com 466 lugares (o aconselhável para um teatro como este deve ser entre trezentos e seiscentos lugares), palco com abertura de 17m, ligado diretamente à rua por um elevador, permitindo subir à cena qualquer tipo de objeto. Um automóvel, por exemplo.
Apesar de se tratar de obra complexa, o prazo estabelecido para sua conclusão foi de 6 meses, preliminar atendida graças à colaboração permanente dos engenheiros Menendez, Edson, Alcides, Denise, mestre João e dos quatrocentos operários que na obra trabalharam.
O teatro está pronto. Como arquitetura é simples e econômico, evitando grandes painéis de vidro, como suas funções internas sugeriam. Somente na cobertura e na marquise de entrada nos permitimos maior liberdade. A liberdade e a invenção arquitetural a nosso ver indispensáveis.”